Sermões

A Vida Moldada Pela Verdade

21/05/2023
Culto de Celebração 17h e 19h
Preletor: Pr. Henrique Duarte

Introdução

João 6
67 Então ele perguntou aos doze discípulos:
— Será que vocês também querem ir embora? 68 Simão Pedro respondeu:
— Quem é que nós vamos seguir? O senhor tem as palavras que dão vida eterna! 69 E nós cremos e sabemos que o senhor é o Santo que Deus enviou.

Jesus transforma a vida de todo aquele que crê Nele. Durante este mês estamos contemplando exemplos de pessoas que tiveram as estruturas de suas vidas viradas de cabeça para baixo, foram catapultadas para um modelo, um padrão comportamental completamente diferente do normal, que os impulsionou a viver o extraordinário de Deus em suas vidas.

Hoje vamos falar de um texto bem conhecido dos evangelhos, mas que precisa ser compreendido em seu contexto para que consigamos usufruir ao máximo do significado dessas palavras e ações de Jesus. Neste momento da narrativa joanina, Jesus está bastante famoso. Multidões o estão seguindo. Este também é um momento muito delicado para Jesus e seus discípulos, pois João Batista acabara de ser brutalmente assassinado por Herodes.

Diante dessas tensões e ansiedades, Jesus continua curando, ensinando e operando sinais no meio do povo. No capítulo 6 de João vamos entender mais claramente a realidade das pessoas que estavam acompanhando Jesus de maneira empolgada, mas ainda sem conhecer muito a respeito de seu caráter e de sua identidade divina.

O evangelho de João foi escrito para que as pessoas que o leiam entendam que Jesus é o próprio Deus. E os fatos narrados por João neste capítulo irão nos ajudar a contemplar a verdade revelada em Jesus e como essa verdade molda nosso caráter à medida que a conhecemos mais profundamente.

Vamos dividir em três grandes blocos de entendimento este capítulo para conseguirmos medir fidedignamente o impacto da afirmação de Pedro.

Desenvolvimento

O MILAGRE DOS PÃES

Este é o milagre mais bem documentado dos evangelhos. Os quatro evangelistas falam sobre ele e nos dão detalhes importantes sobre este momento. João é mais direto na narrativa, mas nos traz algumas informações fundamentais que nos dão mais contexto.

As multidões sem pastor que Jesus via estavam atrás Dele. Todos muito impressionados com aquele novo rabino que fazia coisas extraordinárias e ensinava de um jeito muito diferente do que eles estavam acostumados. Em um momento, quando Jesus está de volta à Galiléia com os seus discípulos, Jesus se fixa em um lugar brevemente para

atender a multidão e trazer mais ensinamentos. Lá pelas tantas, o próprio Jesus provoca a seus discípulos com um problema: Como vamos alimentar essa multidão?

João descreve que estavam ali naquele monte aproximadamente 5000 homens. Sem contar mulheres, crianças e idosos. Era muita gente. Mas Jesus precisava provar pontos muito importantes naquele momento, este era um momento não de milagre, mas de transformação no caráter dos seus discípulos.
Apesar de tudo o que haviam visto, eles não sabiam o que fazer

Os doze discípulos, apesar de estarem mais próximos, também tinham uma visão distorcida de Jesus. Eles tentam utilizar raciocínio lógico, matemático, administrativo para uma questão que só teria solução pela fé. Jesus era única pessoa capaz de dar uma resposta àquele problema. Eles não tinham resposta para o problema, mas Jesus tinha.

Podemos estar dentro da Igreja, participar de tudo o que envolve a Jesus, e continuar sem entender quem Jesus realmente é e o que Ele é capaz de fazer. Neste momento, os discípulos estavam afinados com a multidão.
A multidão queria resolver seus problemas imediatos

A multidão estava ali ansiosa por milagres. Faminta por sinais extraordinários. Era isso o que os unia. Mas essa era uma fome insaciável. Eles não entendiam muito bem o que estava acontecendo, eles apenas queriam mais.

Existem várias maneiras pelas quais as pessoas se aproximam de Jesus: por uma necessidade material, pelo sofrimento, por uma questão familiar, pela vontade de se ter uma estrutura pessoal, pela perspectiva do sobrenatural. Aquelas pessoas queriam ver um superstar, um mágico, estavam apaixonadas por um super- herói. Jesus era somente aquilo que Jesus dava a elas.

O problema de se aproximar de Jesus por coisas temporais é que elas passam. Elas se perdem. Elas mudam. E geralmente, pessoas que tem o foco apenas naquilo que é temporal acabam perdendo o que é eterno. Quando o dinheiro acaba, quando um novo sofrimento se apresenta, quando alguma tragédia acontece e abala as estruturas. Jesus se torna uma grande decepção, uma mentira, um embuste.
A multidão queria fazer de Jesus um rei revolucionário

Além da fome imediata de pão, a multidão tinha uma outra necessidade: a necessidade de um libertador. Por estarem sob o jugo de Roma, aquelas pessoas que presenciaram mais um milagre de Jesus acreditaram que Ele era o escolhido, o Messias que finalmente os libertaria com poder e os tornaria livres e independentes.

Alguns dos doze discípulos de Jesus também entendiam assim. O nacionalismo era um sentimento muito presente e forte na vida de qualquer judeu. Havia inclusive entre os doze um revolucionário, um zelote. Aqueles que estavam buscando pelo sinal da revelação desse super-herói finalmente o encontraram. E cinco mil homens comandados por um super-herói de repente poderiam trazer essa liberdade pelo poder da força. Jesus era o candidato perfeito a rei.
Mas não exatamente do jeito que eles pensavam.

 

O MILAGRE DA TEMPESTADE

Depois de alimentar aquelas pessoas, Jesus deixa rapidamente aquele lugar afim de fugir daquele ambiente. Ele vai sozinho para outro monte e ordena a seus discípulos que dispersem a multidão e voltem para o mar, pois Ele os encontraria mais tarde.

Os discípulos entram no barco, remam aproximadamente seis quilômetros para dentro do mar e de repente são envolvidos por uma tempestade imensa. Muitos deles eram pescadores, mas provavelmente nunca tinham passado por nada tão violento.
Por que Jesus manda seus discípulos diretamente para o meio de uma tempestade?

Porque Ele usa as tempestades em nossa vida para moldar o nosso caráter e para se revelar a nós. O caráter daqueles doze homens precisava de ajustes. Eles não estavam prontos, eles pensavam exatamente como a multidão pensava.

Os doze precisavam entender que Jesus não era apenas um super-herói que livraria Israel ou que atenderia suas necessidades imediatas apenas. Jesus é na verdade o próprio Deus revelado e que tem interesses muito maiores do que os interesses imediatos de quem quer que seja!

O barco estava à deriva, quase indo a pique. E nada de Jesus aparecer. O sentimento de pânico daqueles homens diante da tempestade os deixa completamente cegos e focados na tempestade. Mas onde Jesus estava?

Jesus estava no monte INTERCEDENDO por eles. Intercedendo para que eles tenham uma visão clara de quem Ele é. Intercedendo pelas ovelhas que estão sem pastor. Intercedendo para que os seus discípulos não pereçam no meio da tempestade. Nas tempestades de nossas vidas muitas vezes nos desiludimos e nos entristecemos porque achamos que Jesus está demorando demais, porque Ele não está falando, não está se manifestando. “Se eu estou na tempestade, é porque Jesus me abandonou…”
Nas tempestades nos esquecemos que “o guarda de Israel não cochila” (Salmos 121:4).

Entretanto, quando todos os recursos possíveis dos discípulos se esgotaram, Jesus teve finalmente a oportunidade de aparecer e se manifestar. No auge das ondas e do vento inclemente, surge um Jesus caminhando com tranquilidade. Um Jesus que vem ACIMA das ondas, ATRAVÉS do vento, e quando Jesus chega na tempestade, ela vai embora.

Em seu desespero, os discípulos acharam que além de morrerem afogados, estavam sendo perseguidos por um fantasma. Definitivamente, sua visão a respeito de Jesus ainda estava muito distorcida. Apesar disso, Jesus ultrapassa todos os obstáculos humanamente visíveis para salvar os seus discípulos.

 

O PÃO DA VIDA

Depois de tudo isso, em terra firme, finalmente a multidão encontra novamente a Jesus. E se eles chegam resolutos e com uma visão estabelecida, Jesus tem outros planos para eles.

A conversa novamente gira em torno de pão. Mas dessa vez, Jesus vai confrontar mais diretamente aquela multidão perdida. E a mensagem é muito direta: vocês estão me seguindo pelos motivos errados:
• A multidão queria um salvador militar poderoso.
• À medida que a conversa evolui e fica mais “espiritual” e teologicamente profunda, fica claro também que eles querem entender como fazer coisas para conseguir o favor de Deus.
• Ao final, eles deixam bem claro que só valeria a pena seguir Jesus se os sinais continuassem acontecendo…

Eles citam o maná. O maná era um pão que o próprio Deus enviava diariamente ao povo enquanto eles vagaram pelo deserto ao fugir do Egito. Este pão era perecível, durava exatamente um dia. Não dava pra guardar. As pessoas que comeram o maná morreram. O pão que Jesus oferecia lhes daria a capacidade de viverem para sempre. Jesus usa contra eles o próprio exemplo do maná para apresentar as verdades espirituais que estão por trás do maná.

Aquele pão era um milagre de Deus que apontava profeticamente para Jesus. Primeiro, ele vinha do céu, ninguém tinha a capacidade de fazê-lo. Este fato aponta diretamente para a graça e isso é algo que Jesus vai reafirmar de maneira veemente para a multidão. A salvação não vem de vocês, nem das suas ações, por mais nobres que elas sejam! Não vem de Moisés e da religião! Vem dos céus!

A multidão teve muita dificuldade para entender isso. “Quer dizer que você é maior que Moisés?”, “que papo é esse de comer carne e beber sangue?”. Sua dificuldade vinha do fato de tentarem intelectualizar algo que não é discernido intelectualmente.

A experiência de uma vida moldada pela verdade em Jesus não pode ser pautada por aquilo que se sabe intelectualmente a respeito Dele, essa vida precisa ser pautada pelo que se VIVE com Ele.

A verdade de Jesus afastou a multidão. Seu crescente fã-clube agora se esvaiu. As pessoas foram embora desiludidas diante da revelação da verdade de Deus em Jesus e da verdade distorcida explicitada em seus corações. Quando não conseguiu o que queria de Jesus, a multidão foi embora.

Muita gente se afasta de Jesus ao descobrir que seguir a Cristo não é exatamente aquilo que elas achavam que era. O discurso do pão expõe a realidade corrompida da multidão e sua total ignorância a respeito de quem Jesus realmente é. Os próprios discípulos ficaram horrorizados com o jeito que Jesus estava falando com o povo. Eles também ainda não entendiam.

O que a multidão, os discípulos e nós hoje precisamos entender é o processo de termos nossas vidas transformadas por Jesus não é sobre o que nós queremos, sobre o que nós precisamos, sobre o que nós determinamos, sobre o nosso conhecimento aparente a respeito Dele. Ter uma vida transformada por Jesus é sobre o que Ele quer, sobre o que Ele determina, sobre como Ele quer se revelar a nós.

Muitas vezes em nossa caminhada da fé em Jesus, não vamos entender nada. E não há nenhum problema nisso. Às vezes não teremos de entender mesmo. O importante, é não perdermos o foco em Jesus.

Conclusão

Depois que a multidão vai embora e de ser questionado por seus discípulos, que permaneciam murmurando, Jesus faz uma pergunta muito importante e sincera que deveria revelar o quanto o caráter daqueles homens havia sido moldado naqueles dois dias: E aí, vocês também vão embora? 

Jesus sabia que ainda havia muitas dúvidas. Mas ele sabia também que a maioria deles permitiu que seu caráter fosse moldado pela verdade das suas ações e palavras. É neste contexto que Pedro exprime de maneira muito clara e sincera a afirmação de que não há mais volta.

Quando Jesus entra em nossas vidas, não há mais volta. Quando permitimos que Ele nos molde, que Ele nos reconstrua, que Ele nos corrija, reestruturamos nossa existência em função Dele e este é o objetivo a ser buscado.

Discípulos de Jesus precisam focar não no agora, no hoje, nas necessidades imediatas. Discípulos de Jesus precisam firmar-se na verdade que vem dos céus, receber a salvação pela graça, aprender a ver Jesus nas tempestades e ter uma visão clara da eternidade com Deus, que só é possibilitada por uma vida íntima com Jesus.

Temos esta noite a mesma oportunidade de Pedro, de demonstrar a nossa convicção de que não existe saída, não existe outra verdade a respeito da vida eterna, a não ser a busca incessante do conhecimento real e verdadeiro sobre Jesus e sobre o seu papel em nossa existência.

Jesus Cristo é o caminho, é a verdade e é a vida. Ninguém pode ir a Deus se não for por Ele.

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